O Bitcoin Está em Perigo? Uma Explicação Simples sobre a Computação Quântica
Imagine que o Bitcoin é como uma caixa-forte digital, protegida por um cadeado superseguro que só pode ser aberto com uma chave especial, chamada chave privada. Essa segurança depende de cálculos matemáticos tão difíceis que nenhum computador comum consegue quebrá-los. Mas, em 27 de maio de 2025, um pesquisador do Google, Craig Gidney, anunciou algo preocupante: computadores quânticos, que são como supercomputadores do futuro, podem precisar de 95% menos potência do que se pensava para abrir esse cadeado. Isso significa que, um dia, eles poderiam “hackear” o Bitcoin. Mas calma! Essa tecnologia ainda está a 8 a 12 anos de distância, e há soluções sendo preparadas. Vamos explicar tudo de forma simples.
O que é Computação Quântica?
Pense em um computador normal como uma calculadora que faz contas uma de cada vez, usando números 0 ou 1. Um computador quântico é diferente: ele usa qubits, que podem ser 0, 1 ou ambos ao mesmo tempo, como se jogasse mil moedas de uma vez e visse todos os resultados possíveis. Isso o torna absurdamente rápido para resolver problemas complexos, como os que protegem o Bitcoin.
O Google lançou um chip quântico chamado Willow em dezembro de 2024, que é muito avançado. Ele resolveu em 5 minutos um problema que levaria bilhões de anos para um supercomputador comum. Mesmo assim, o Willow tem apenas 105 qubits, enquanto quebrar o cadeado do Bitcoin exigiria cerca de 1 milhão de qubits – e isso ainda está bem longe.
Por que o Bitcoin Está em Risco?
O Bitcoin usa um sistema de criptografia chamado ECDSA (parecido com o RSA, mencionado no estudo), que depende de cálculos matemáticos difíceis. Um computador quântico com muitos qubits poderia usar algo chamado algoritmo de Shor para resolver esses cálculos rapidamente, como se tivesse a chave mestra para abrir carteiras de Bitcoin. Isso seria perigoso porque:
- Hackers poderiam roubar Bitcoins: Se conseguirem a chave privada, podem transferir moedas de qualquer carteira.
- Mineração ficaria vulnerável: Computadores quânticos poderiam dominar a criação de novos Bitcoins, controlando a rede.
- Carteiras antigas são mais frágeis: Algumas carteiras mais velhas, como as do criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, que guarda cerca de US$ 107 bilhões, são mais fáceis de atacar.
Craig Gidney disse que, antes, pensava-se que seriam necessários 20 milhões de qubits para quebrar essa criptografia em 8 horas. Agora, com novos algoritmos e truques para corrigir erros, ele estima que 1 milhão de qubits em uma semana já seria suficiente. Isso é uma redução de 95%! Mas, mesmo com esse avanço, estamos a anos de ter um computador tão poderoso.
Não Entre em Pânico: Ainda Há Tempo
A boa notícia? A tecnologia quântica ainda está engatinhando. O Willow do Google tem 105 qubits, e o maior chip atual, o “Condor” da IBM, tem 1.121 qubits. Para chegar a 1 milhão, seriam necessários avanços enormes, e especialistas acreditam que isso levará 8 a 12 anos – ou até mais para máquinas perfeitas (chamadas de “qubits lógicos”).
Além disso, o mundo cripto está se mexendo para se proteger:
- Novas criptografias: Já existem ideias para “criptografia resistente a quântica”, como sistemas baseados em redes (lattice) ou códigos, que computadores quânticos não conseguem quebrar facilmente.
- Atualizações no Bitcoin: A rede do Bitcoin pode mudar suas regras (um processo chamado hard fork) para usar essas novas criptografias. Isso já foi sugerido por pessoas como Vitalik Buterin, do Ethereum.
- Proteção para carteiras: Usuários podem migrar seus Bitcoins para carteiras mais seguras, com chaves mais modernas, antes que o risco chegue.
O Futuro do Bitcoin: Uma Divisão à Vista?
Alguns especialistas, como Fred Krueger, acreditam que o Bitcoin pode se dividir em dois no futuro: um “Bitcoin Resistente a Quântica” (QRB), com nova criptografia, e um “Bitcoin Clássico”, que continuaria vulnerável. Seria como o que aconteceu com o Ethereum, que se dividiu em ETH e Ethereum Classic. Os grandes investidores provavelmente apoiariam o QRB, enquanto o Bitcoin Clássico poderia perder valor, como uma versão antiga de um software.
Por outro lado, nem todos estão preocupados. Adam Back, CEO da Blockstream, disse no X que o risco quântico ainda está “décadas distante” e que o Bitcoin tem tempo para se adaptar. Já a BlackRock, que gerencia um fundo de Bitcoin (IBIT), alertou que a computação quântica é um risco, mas não imediato.
O que Isso Significa para Você?
Se você tem Bitcoins ou pensa em investir, não precisa vender tudo agora. A ameaça quântica está longe, e o mercado está se preparando. Aqui vão algumas dicas simples:
- Use carteiras modernas: Evite carteiras antigas (como as P2PK, usadas por Satoshi Nakamoto). Atualize para carteiras com endereços mais seguros, como os Pay-to-Script-Hash (P2SH).
- Fique de olho nas notícias: Acompanhe atualizações sobre o Bitcoin e novas regras na rede.
- Confie em plataformas seguras: Use corretoras confiáveis, como Binance ou OKX, e guarde suas chaves privadas em locais seguros, como carteiras de hardware.
Conclusão: O Bitcoin Não Vai Acabar Tão Cedo
A notícia do Google é um alerta, mas não um motivo para pânico. A computação quântica é como um trem vindo de longe: você vê ele chegando, mas há tempo para desviar. O Bitcoin, que hoje vale mais de US$ 109 mil por moeda, tem uma comunidade forte que já trabalha em soluções, como novas criptografias e atualizações na rede.
Enquanto isso, o mercado cripto continua crescendo, e o Bitcoin segue como o “ouro digital”. A chave é ficar informado e usar carteiras seguras.
Perguntas Frequentes
O Google vai quebrar o Bitcoin em 2025?
Não! A tecnologia quântica ainda está a 8-12 anos de ser uma ameaça real. O chip Willow é um avanço, mas falta muito para chegar a 1 milhão de qubits.
Meus Bitcoins estão em risco agora?
Não, seus Bitcoins estão seguros hoje. Mas, no futuro, carteiras antigas podem ficar vulneráveis. Mude para carteiras modernas e fique atento a atualizações.
O que é um hard fork?
É como uma atualização grande no Bitcoin, onde a rede adota novas regras. Pode criar duas versões: uma nova (segura) e uma antiga (vulnerável).